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Doenças Metabólicas e o Microbioma Intestinal: O Futuro da Medicina Personalizada

Atualizado: 25 de set.



Nos últimos anos, o microbioma intestinal ganhou destaque por sua influência significativa em diversas condições de saúde, incluindo doenças metabólicas, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica. A presença de trilhões de microrganismos no intestino desempenha funções essenciais, desde a digestão até a regulação do sistema imunológico. Alterações na composição desse microbioma, conhecidas como disbiose, podem estar associadas a doenças metabólicas, conforme estudos recentes têm mostrado.



Disbiose e Doenças Metabólicas


A disbiose, caracterizada pelo desequilíbrio das populações microbianas no intestino, tem sido diretamente ligada a doenças como a obesidade e o diabetes tipo 2. Um estudo publicado no Journal of Clinical Investigation em 2019 revelou que a inflamação crônica gerada pela disbiose contribui para a resistência à insulina, um fator central no desenvolvimento do diabetes tipo 2. A produção de moléculas pró-inflamatórias por certas bactérias intestinais agrava a resposta imunológica, piorando as condições metabólicas.


Recentemente, um artigo da Nature Reviews Microbiology destacou a associação entre níveis elevados do pro-hormônio intestinal proneurotensina (proNT) e o agravamento de condições cardiovasculares. Indivíduos com maiores concentrações de proNT exibiram maior resistência à insulina e pior perfil lipídico, além de um risco significativamente elevado de rigidez arterial e aterosclerose precoce, sugerindo que essa molécula pode desempenhar um papel na interação entre o microbioma intestinal e o desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares.


Além disso, uma revisão publicada na Nature Reviews Microbiology, destaca como diferentes perfis de microbioma podem influenciar diretamente a eficácia de tratamentos para obesidade e síndrome metabólica, sugerindo que a modulação do microbioma poderia ser uma abordagem terapêutica promissora. A proneurotensina, identificada como um marcador relevante em obesidade e doenças cardiovasculares, também apresenta potencial como alvo terapêutico, especialmente ao considerar sua relação com o microbioma e as vias metabólicas que influenciam inflamação e resistência à insulina.



Microbioma e Tratamento da Obesidade


A diversidade do microbioma intestinal é um fator importante na resposta ao tratamento da obesidade. De acordo com uma pesquisa publicada na ScienceDirect , indivíduos com maior diversidade bacteriana apresentaram melhores resultados na perda de peso e melhora em parâmetros como glicose sanguínea e níveis de colesterol. Este estudo reforça a ideia de que o microbioma pode atuar como um biomarcador útil para prever a resposta a intervenções contra a obesidade.


Outro estudo, desta vez publicado na Nature Microbiology, analisou a interação entre a dieta e o microbioma intestinal, sugerindo que intervenções alimentares direcionadas podem alterar positivamente a composição microbiana, promovendo uma melhora nos indicadores metabólicos.



Terapias Baseadas no Microbioma


Com o avanço das tecnologias de sequenciamento genético e análise de dados, o microbioma tornou-se um alvo para terapias inovadoras. Um artigo da Frontiers in Microbiology explora o uso de probióticos, prebióticos e transplante de microbiota fecal (TMF) para modular o microbioma e, potencialmente, tratar doenças metabólicas. Essas abordagens terapêuticas visam restaurar a diversidade microbiana e reduzir os efeitos negativos da disbiose, condição em que o equilíbrio entre microrganismos intestinais é perturbado.


Uma das manifestações mais estudadas da disbiose é a alteração na proporção de Firmicutes em relação aos Bacteroidetes, o que tem sido associado a obesidade e distúrbios metabólicos. Além dessa desregulação entre filos, a variabilidade geral dos microrganismos também desempenha um papel fundamental na fisiopatogênese de diversas doenças. Portanto, para que essas intervenções, como o uso de probióticos e TMF, sejam eficazes, é crucial delinear fatores dietéticos que influenciam diretamente a microbiota. Somente assim será possível compreender melhor as relações causais entre dieta, microbiota e doenças metabólicas, abrindo caminho para tratamentos mais precisos e personalizados.



Oportunidades para Laboratórios


Essas descobertas representam oportunidades valiosas para laboratórios de diagnóstico. A análise do microbioma pode ser incorporada aos painéis diagnósticos para doenças metabólicas, permitindo uma visão mais abrangente do estado de saúde do paciente. Conforme discutido no estudo de 2015 da ScienceDirect exames que incluam a identificação de perfis bacterianos específicos podem auxiliar na personalização de tratamentos para doenças metabólicas. Além disso, o uso de probióticos e prebióticos na alimentação surge como uma estratégia preventiva ou terapêutica, já que essas substâncias favorecem uma composição saudável e maior funcionalidade da microbiota. Isso pode resultar na diminuição de LPS (Lipopolissacarídeos) circulante, o que, por sua vez, reduz a endotoxemia e a inflamação crônica subclínica, fatores que estão frequentemente relacionados a distúrbios metabólicos.



Considerações finais


O papel do microbioma em doenças metabólicas, como obesidade, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares diabetes tipo 2, está cada vez mais claro, e estudos recentes apontam para a importância de incorporar a análise do microbioma na prática clínica. Laboratórios que investirem em tecnologias para análise do microbioma estarão à frente, oferecendo soluções diagnósticas avançadas e personalizadas, contribuindo significativamente para a saúde da população.




Texto elaborado por Alexandra Reis, PhD - Founder & CEO do Base Científica.



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