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Genotipagem de SNPs em Farmacogenética: Soluções Personalizadas para Biotecnologia e P&D em Saúde

Descubra como a genotipagem de SNPs está revolucionando a medicina personalizada. No contexto da biotecnologia e pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área da saúde, a genotipagem de SNPs emerge como técnica essencial para entender variações genéticas que afetam a resposta aos medicamentos. Esse tipo de análise é um ramo especializado da farmacogenética (ou farmacogenômica) e pode gerar biomarcadores preditores de eficácia e segurança terapêutica. Neste guia completo, veremos os fundamentos, métodos, aplicações e como sua instituição pode implementar essas soluções para laboratórios, biotechs e universidades que buscam inovação em pesquisa clínica e genética.



1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE SNPS E FARMACOGENÉTICA


1.1 O que é um SNP?

SNP (polimorfismo de nucleotídeo único) é uma variação pontual no DNA entre indivíduos, por exemplo, um nucleotídeo "C" pode ser substituído por "T" em uma posição específica. Quando tais variantes ocorrem com frequência razoável em uma população (por exemplo > 1%), passam a ser consideradas SNPs e não meras mutações raras.


1.2 Relação entre SNPs e Farmacogenética

Na farmacogenética, buscamos associar variantes genéticas (SNPs) a diferenças na absorção, metabolismo, ação ou eliminação de fármacos. Essas variantes podem alterar enzimas metabolizadoras, transportadores ou alvos do medicamento, influenciando eficácia, toxicidade ou nível plasmático.


Exemplos Práticos na Clínica:


  • SNPs no gene CYP2D6 podem modular a metabolização de antidepressivos (como paroxetina) e antipsicóticos

  • Valores variáveis de atividade da enzima TPMT associados a SNPs influenciam risco de toxicidade hematológica em tratamentos com tiopurinas.

  • Pacientes portadores do vírus HIV se faz necessário a análise de diversos polimorfismos para diminuir efeitos colaterais, principalmente o alelo HLA*B27:01 para a recomendação ou não do fármaco abacavir, já que o mesmo pode trazer neurotoxicidade ao indivíduo.


    Ilustração de genotipagem de SNPs mostrando três pessoas com sequências de DNA formando polimorfismos genéticos

2. MÉTODOS DE GENOTIPAGEM DE SNPS: ESCOLHENDO A TECNOLOGIA IDEAL


2.1 Métodos Clássicos

  • PCR + RFLP (Polimorfismo de comprimento de fragmento de restrição): amplifica a região contendo o SNP através da técnica de PCR e depois submete este produto a uma digestão enzimática que diferencia alelos.

  • Sequenciamento Sanger (ou métodos de terminação de cadeia): Amplifica a região através da PCR e em seguida faz leitura da base no local do SNP diretamente.


Esses métodos são ideais para validação de SNPs individuais, mas apresentam limitações para painéis de larga escala.


2.2 Métodos em Larga Escala / Multiplex


  • Microarranjos ou chips de DNA (genotipagem de milhares de SNPs simultaneamente)

  • Next Generation Sequencing (NGS) aplicada a painéis ou regiões-alvo

  • qPCR com sondas específicas (Hidrólise)


Esses métodos permitem alta throughput e são usados frequentemente em projetos de P&D ou pesquisa clínica.


2.3 Comparativo de Tecnologias

Método

Vantagens

Limitações

Melhor Aplicação

PCR + RFLP

Barato, simples, aplicável a SNP isolado

Pouco escalável, exige enzima específica

Validação pontual

Sequenciamento clássico

Leitura direta e confiável

Custo por amostra relativamente alto

Confirmação diagnóstica

Microarranjos / chips

Alta densidade de SNPs, escalável

Custos iniciais, exigência de infraestrutura

Estudos populacionais

qPCR / TaqMan

Rapidez, sensibilidade, aplicável a painéis médios

Limitado ao número de sondas disponíveis

Rotina clínica

3. APLICAÇÕES PRÁTICAS EM FARMACOGENÉTICA: DO LABORATÓRIO À CLÍNICA


3.1 Ajuste de Dose Personalizada


Se um paciente é identificado como "metabolizador lento" para um dado fármaco (por exemplo, via SNP no CYP2D6), pode-se reduzir a dose padrão para evitar toxicidade. Já um "ultra-rápido" pode necessitar de dose mais alta ou usar fármacos alternativos. Essa abordagem reduz significativamente as reações adversas medicamentosas e melhora a eficácia terapêutica.


3.2 Seleção de Tratamento ou Fármaco Alternativo


Em oncologia ou psiquiatria, alguns medicamentos são metabolizados por enzimas polimórficas: conhecer o genótipo pode orientar a escolha de um fármaco com menor risco de falha terapêutica ou efeitos colaterais. Por exemplo, no uso de antidepressivos, a genotipagem de CYP2D6 pode ajudar a distinguir a melhor opção entre paroxetina e outros fármacos alternativos. A medicina personalizada tem avançado significativamente também na oncologia, com técnicas como a utilização de organóides tumorais derivados de pacientes permitindo testes individualizados de resposta a tratamentos.


Outro exemplo, são as variantes genéticas no gene DPYD que podem levar a enzimas com atividade reduzida ou ausente. Indivíduos que têm pelo menos uma cópia de uma variante DPYD não funcional (por exemplo, c.1905+1G>A (anteriormente 2A; rs3918290) ou c.1679T>G (p.I560S; anteriormente 13; rs55886062)) não serão capazes de metabolizar fluorouracil em taxas normais. Consequentemente, esses indivíduos correm o risco de toxicidade por fluorouracil sendo potencialmente fatal, como supressão da medula óssea e toxicidade gastrointestinal.

 

3.3 Estudos Clínicos e Biomarcadores


Em projetos de pesquisa clínica ou P&D de novos fármacos, os SNPs podem servir como biomarcadores de estratificação ou predição de resposta. Isso permite desenho de ensaios mais refinados (ex: incluir somente indivíduos com determinado genótipo), aumentando significativamente a chance de sucesso e economia de recursos. A interpretação adequada de resultados de exames  é fundamental para extrair o máximo valor dos dados farmacogenéticos e aplicá-los efetivamente no desenvolvimento de terapias personalizadas.

4. EXEMPLO PRÁTICO: ESTUDO DE GENÓTIPO CYP2D6 EM PSIQUIATRIA


Um estudo conduzido na USP examinou a genotipagem de CYP2D6 em pacientes que usavam paroxetina. Os pesquisadores encontraram diferentes perfis de metabolizadores (PM, IM, EM, UM) sendo que 8,5% eram PMs, 3,0% UMs. Pacientes com apenas um alelo funcional tinham concentrações plasmáticas superiores àqueles com dois alelos funcionais.


Este caso demonstra o impacto direto da farmacogenética na prática clínica: esse tipo de evidência ilustra como a genética pode guiar ajustes de dose ou escolha terapêutica em pesquisa clínica e aplicação prática no laboratório.

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Referências

Abacavir Therapy and HLA-B*57:01 Genotype. DEAN, L. In: Medical Genetics Summaries [Internet]. Bethesda (MD): National Center for Biotechnology Information (US); 2012. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK315783/

Capecitabine Therapy and DPYD Genotype. DEAN, L.; KANE, M. In: Medical Genetics Summaries [Internet]. Bethesda (MD): National Center for Biotechnology Information (US); 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK385155/

Efetividade e segurança de medicamentos e SNPs: artigo de revisão. MATOS, L. E. O.; SANTOS, K. E. P. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, v. 11, n. 11, 2022. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33628

Estudo de polimorfismos do gene CYP2D6 e resposta terapêutica à paroxetina. PRADO, C. M. 2016. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-06062016-113945/publico/PradoCM2.pdf

Farmacogenética / Farmacogenómica [revisão]. NETO, M. J. R. Repositório Digital da Universidade Fernando Pessoa. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/entities/publication/7fd82c71-735c-4ddd-80c2-916df172a97b

FARMACOGENÉTICA: Fundamentos e aplicações. HIRANO, L. Q. L. Seminário apresentado na Universidade Federal de Goiás, 2011. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/67/o/semi2011_Liria_Queiroz_2c.pdf

HLA-B*5701 screening for hypersensitivity to abacavir. MALLAL, S.; PHILLIPS, E.; CAROSI, G.; MOLINA, J. M. et al. The New England Journal of Medicine, v. 358, n. 6, p. 568-579, 2008.Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18256392/ 

Implicações farmacogenéticas da óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) no uso de inibidores da fosfodiesterase-5. SILVA, P. S.; LACCHINI, R.; GOMES, V. A.; TANUS-SANTOS, J. E. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [online]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/MfzV7JxssdJtZjWwH6ctMXP/?format=html&lang=pt


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